Na manhã desta terça-feira, moradores do bairro Nossa Senhora de Fátima se reuniram em uma caminhada pela inclusão e respeito às diferenças, mobilizando pais, professores, alunos e a comunidade escolar. A manifestação teve início em frente à Escola Municipal de Educação Infantil Daisy Maria Guma Pagel, com cartazes, cantos e mensagens de empatia, chamando a atenção para a importância da convivência com crianças neurodivergentes, especialmente aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A mobilização ganhou força após a divulgação de um material pedagógico desenvolvido por educadoras da escola, em parceria com os alunos do Nível IIA. O panfleto distribuído durante o evento abordou de forma sensível e educativa a percepção infantil sobre o autismo, destacando valores como empatia, acolhimento e respeito. O conteúdo também serve como exemplo de como projetos escolares podem impactar positivamente a visão das crianças sobre a diversidadeO material, que foi entregue aos presentes, traz o seguinte texto:
“Esse material foi desenvolvido a partir de uma proposta realizada com as crianças da turma do Nível IIA, da Escola Municipal de Educação Infantil Daisy Maria Guma Pagel. O objetivo é representar a percepção das crianças sobre alguns aspectos do Transtorno do Espectro Autista (TEA), promovendo a empatia e a compreensão sobre as diferenças.
Para enriquecer a discussão, além das conversas realizadas em grupo, as crianças assistiram ao curta-metragem Fitas. A animação ilustra os desafios que René, uma menina TEA não verbal, enfrenta na comunicação e na socialização, bem como as dificuldades que as pessoas ao seu redor têm para compreender sua forma única de ver e sentir o mundo. A história enfatiza a importância da empatia, do respeito às diferenças e da inclusão, temas que foram explorados e debatidos com as crianças, estimulando reflexões sobre como podemos acolher e compreender aqueles que enxergam o mundo de uma maneira diferente.
Após assistirmos ao filme, a crianças foram questionadas sobre de que forma poderíamos nos conectar com as crianças que ainda não utilizam a fala para se comunicar. Neste momento uma das meninas relatou: “Eu tenho um amigo, que ele não fala, mas eu brinco com ele, ele gosta de brincar”.
A partir desse relato, a turma, com o apoio da Professora de Referência, começou a listar diferentes formas de ajudar os amigos a se expressarem, mesmo que ainda não tenham desenvolvido plenamente a fala.
Veja agora algumas dessas possibilidades de comunicação:
- Brincar juntos;
- Dividir os brinquedos;
- Buscar o brinquedo favorito do amigo;
- Oferecer suco/água
- Dar a mão pra ir na pracinha.
Essas simples atitudes demonstram como as crianças encontram maneiras naturais de se comunicar e interagir com os amigos, independentemente do uso da fala. Embora não compreendam termos formais como “comunicação alternativa” ou “interação social”, elas utilizam a linguagem universal da infância: a brincadeira. É por meio do brincar que constroem laços, expressam sentimentos e fortalecem conexões, mostrando que a inclusão acontece de forma espontânea quando há acolhimento e respeito às diferenças.”
A escola reforçou que pretende expandir ações como essa, convidando outras instituições da rede municipal a replicarem a experiência, promovendo uma cidade mais acolhedora, onde todas as crianças tenham vez, voz e espaço para crescer em comunidade.