A Santa Casa de Rio Grande, localizada no município de Rio Grande-RS, é uma das instituições de saúde mais tradicionais do Brasil, com uma trajetória marcada por desafios, superações e um forte compromisso com a comunidade. Seu surgimento remonta ao século XIX e está diretamente ligado à figura de Rodrigo Fernandes Duarte, um homem visionário cuja dedicação à caridade moldou a história do atendimento hospitalar na região.
O Visionário Rodrigo Fernandes Duarte
Rodrigo Fernandes Duarte nasceu em 1764, na freguesia de São Martinho de Lordello, na cidade do Porto, Portugal. Filho de Manoel Fernandes Duarte e Anna Maria da Conceição, ficou órfão ainda jovem e decidiu migrar para o Brasil, onde se estabeleceu na Vila do Rio Grande.
Ao longo dos anos, Rodrigo construiu uma carreira de sucesso como comerciante e também ocupou cargos de relevância na administração pública, tais como almoxarife dos armazéns reais, recebedor de tributos, depositário público, juiz almotacés e vereador da Câmara Municipal. Sua influência na cidade foi essencial para a criação da Santa Casa de Misericórdia de Rio Grande.
Inspirado nos princípios das Rainhas Santa Isabel e D. Leonor, conhecidas por seu trabalho filantrópico, Rodrigo Fernandes Duarte liderou a mobilização para a construção de um hospital que atendesse os enfermos e necessitados. Ele doou todos os seus bens, incluindo seis casas e dívidas ativas, para a Irmandade do Espírito Santo e Caridade, com a condição de receber uma pensão vitalícia e uma residência no interior do hospital.
A Fundação da Santa Casa de Rio Grande
Graças à iniciativa de Rodrigo Fernandes Duarte, a Santa Casa foi fundada como uma instituição de amparo aos mais necessitados. O hospital tornou-se um pilar fundamental para a saúde pública local, recebendo apoio de diversas personalidades da cidade ao longo dos anos.
A Santa Casa de Misericórdia de Rio Grande seguiu o modelo das santas casas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo, instituições tradicionalmente ligadas à assistência hospitalar gratuita e filantrópica. Desde o início, enfrentou desafios financeiros, mas contou com o apoio da comunidade e de doadores para se manter ativa.
Em 22 de março de 1835, a mesa da Irmandade do Espírito Santo e Caridade decidiu homenagear Rodrigo Fernandes Duarte com um retrato de meio corpo, que foi colocado na sala de honra da instituição como reconhecimento por sua benevolência e contribuição para a cidade.
Rodrigo faleceu em 2 de março de 1837, sendo sepultado na capela de Nossa Senhora do Monte do Carmo. Em 1841, seus restos mortais foram transferidos para o oratório da Santa Casa e, posteriormente, para a capela Nossa Senhora da Piedade, localizada no cemitério municipal. Seu nome também foi eternizado em uma rua na Vila São Miguel, em Rio Grande.
Desafios e Evolução da Santa Casa
Ao longo dos séculos, a Santa Casa de Rio Grande passou por diversas transformações para se adequar às mudanças na área da saúde e às necessidades da população. O hospital enfrentou períodos de dificuldades financeiras, crises econômicas e desafios estruturais, mas sempre conseguiu se reinventar para continuar sua missão de atendimento à comunidade.
Nos dias atuais, a Santa Casa continua sendo uma referência na saúde pública da região, oferecendo atendimentos de média e alta complexidade. O hospital investiu em modernização de equipamentos, treinamento de profissionais e parcerias com entidades públicas e privadas para ampliar seus serviços.
A filantropia ainda é um dos pilares da instituição, com campanhas constantes para arrecadação de fundos e manutenção dos atendimentos gratuitos. A Santa Casa também desempenha um papel importante na formação de novos profissionais de saúde, servindo como campo de estágio para estudantes de medicina, enfermagem e outras áreas da saúde.
Curiosidades Sobre a Santa Casa de Rio Grande
- Legado histórico: A Santa Casa de Rio Grande está entre as instituições de saúde mais antigas do Brasil, mantendo sua missão filantrópica por quase dois séculos.
- Estrutura centenária: Apesar das modernizações, o hospital ainda preserva elementos arquitetônicos do período de sua fundação, destacando-se como um patrimônio histórico da cidade.
- Atendimento humanizado: A instituição segue os princípios das santas casas ao redor do mundo, focando no atendimento humanizado e acessível para a população carente.
- Inspiração real: Rodrigo Fernandes Duarte se inspirou nas ações filantrópicas das rainhas Santa Isabel e D. Leonor, cujos ideais de misericórdia influenciaram a criação de diversas santas casas em Portugal e no Brasil.
- Eternizado na cidade: Além do retrato na Santa Casa, Rodrigo Fernandes Duarte também foi homenageado com uma rua que leva seu nome em Rio Grande, como forma de reconhecimento por seu legado.
O Futuro da Santa Casa
Mesmo com os desafios enfrentados ao longo dos anos, a Santa Casa de Rio Grande continua firme em sua missão de prestar assistência à saúde da população. O hospital busca constantemente novos meios de financiamento, parcerias e aprimoramento dos serviços para garantir atendimento de qualidade a todos os cidadãos.
A história da Santa Casa de Misericórdia de Rio Grande é um exemplo de como a dedicação de uma pessoa pode transformar a realidade de uma comunidade inteira. Rodrigo Fernandes Duarte deixou um legado inestimável, que até hoje impacta positivamente a vida de milhares de pessoas. Preservar essa história e apoiar a instituição é fundamental para que seu trabalho continue beneficiando futuras gerações.