Mais de 83 anos depois
Há aproximadamente 83 anos, para ser mais específico, 83 anos e 9 meses na data da postagem dessa matéria, a cidade de Rio Grande, enfrentou uma grande enchente causada pelo transbordamento das águas da Lagoa dos Patos. Esse evento extremo colocou em evidência os riscos de viver tão próximo ao estuário da lagoa.
O ano de 1941 foi marcado por uma catástrofe climática sem precedentes. Chuvas intensas entre abril e maio causaram enchentes em várias cidades do Rio Grande do Sul. Em Rio Grande, a enchente começou em 4 de maio, alagando residências e empresas. O ápice foi em 19 de maio, quando grande parte da cidade ficou submersa.
A Grande Enchente serve como exemplo de como a relação entre sociedade e natureza é dinâmica e sujeita a transformações climáticas intensificadas, levando à reflexão sobre ações preventivas para eventos semelhantes.
A enchente
Em 1941, Rio Grande enfrentou a Grande Enchente, resultado de um volume excepcional de chuvas de 1.828mm, bem acima da média anual de 1.200-1.300mm, intensificado pelo fenômeno El Niño. Esse evento desorganizou a cidade: comércio paralisado, famílias desalojadas, indústrias interrompidas, comunicações afetadas, e ilhas alagadas.
A enchente foi agravada pelo escoamento das águas do Rio Grande do Sul pela Lagoa dos Patos, que transbordou e invadiu áreas urbanas.
Relatos históricos mostram que episódios de inundações, embora menos severos, já ocorriam desde o século XIX, destacando a relação conflituosa da cidade com as águas. O El Niño, conhecido por alterar o clima global, teve papel central ao aumentar as chuvas na região.
Esses eventos climáticos reforçam a necessidade de estratégias para mitigar impactos futuros e enfrentar os desafios impostos por fenômenos naturais extremos.
População, Comércio, Indústria e Transporte
Na década de 1940, a cidade de Rio Grande possuía entre 50.000 a 60.000 habitantes habitantes e uma infraestrutura urbana considerável: Entre os edifícios notáveis estavam a Alfândega, Capitania dos Portos, Prefeitura Municipal, Biblioteca Rio-Grandense, Ginásio Lemos Junior e os Colégios Juvenal Miller e Bibiano de Almeida.
O comércio e o lazer eram representados por clubes sociais, cinemas (com média de 42 mil espectadores por trimestre) e espaços religiosos como a Igreja Matriz de São Pedro.
A Indústria empregava milhares de pessoas, destacando-se setores como têxtil, carnes e alimentos enlatados. Empresas como Rheingantz e Refinaria Ipiranga tiveram papel importante na economia local.
O Transporte se estendia por 24,5 km de linhas de bondes que transportavam a população.
Em 1939, ônibus começaram a operar, e em 1940, foi inaugurada a primeira linha para o Taim.
Impactos na Cidade

Infraestrutura, transporte, pessoas atingidas e prejuízos
Ruas importantes, como Marechal Floriano e Riachuelo, ficaram intransitáveis.
Bondes tiveram operações interrompidas e trilhos foram destruídos em várias regiões.
Mais de 3.900 pessoas foram levadas a abrigos, enquanto outras buscaram refúgio em casas de parentes.
Perdas significativas foram registradas no comércio, indústria e agricultura.
Na Ilha dos Marinheiros, os danos às plantações de cebola foram devastadores, levando ao abandono de várias propriedades.
Solidariedade e Recuperação
A enchente trouxe mobilização coletiva.
Bombeiros, militares e voluntários ajudaram na evacuação e suporte às vítimas.
Embora os prejuízos fossem altos, a cidade começou sua recuperação com o declínio das águas a partir de 20 de maio.
Fontes de informação: BBC News e Universidade Furg